Eu tenho certeza que nesse momento da história as nossas discordâncias são muito menores do que o que nos une. Eu sei que você que discorda de mim não é racista, não é homofóbico, não é a favor da cultura do estupro, não é a favor da destruição das leis de proteção à ecologia, não acha que a violência se combate com assassinatos. Você que discorda de mim é um democrata e preza pela democracia.

Esses valores que você tem dentro de você se traduzem na palavra “democracia”, aliados à liberdade de expressão que faz com que você discorde de mim e eu discorde de você.
A liberdade de expressão está ameaçada no Brasil, de maneira vil, brutal. Existe uma autorização tácita, simbólica ao uso da violência, extermínio de opositores, que culminou no assassinato de Moa de Katendê, na suástica desenhada a canivete na barriga da menina que usava um adesivo, no espancamento de homossexuais, no rompimento da placa de Marielle.

Esse é um apelo aos seus valores, que os coloque acima de qualquer coisa. Sou refratário a qualquer tipo de patrulha ideológica, mas esse é o momento das pessoas se posicionarem. Se há algum momento na história da qual eu vivi no Brasil que as pessoas precisam se posicionar, é esse.

FHC, o senhor precisa dar uma declaração a favor da democracia. Ciro Gomes, você é um dos maiores democratas, uma figura imensa, precisamos de você nessa reta final da campanha.

Essa não é mais uma eleição na qual está em jogo uma disputa política: não é mais esquerda contra direita. Agora é civilização contra a barbárie.

Eu sei que se expor dói, num país polarizado como o Brasil agora é abrir o flanco para as ameaças mais cruéis, covardes e tristes, no entanto é muito mais satisfatória a sensação de estar do lado certo da trincheira.

A todos um grande abraço.