Xadrez da indústria das armas no Rio de Janeiro e o silêncio da Polícia Federal de Moro

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Por Luis Nassif, compartilhado de Jornal GGN – 

De qualquer modo, a parte saudável de ambas as corporações não interrompeu as investigações sobre as rachadinhas e sobre Fabrício Queiroz. Continua aberta a uma proposta de delação premiada, mas que, em todo caso, dependerá da iniciativa dele e de seu advogado.

Peça 1 – o grande episódio esquecido

No dia 30 de junho de 2017 foram apreendidos 60 fuzis de guerra no Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro. Eram fuzis AK 47, G3 e AR 15, de grosso calibre, contrabandeados de Miami.

No dia 12 de março de 2019 foram apreendidos mais 117 fuzis na casa de um militar amigo de Ronnie Lessa, acusado do assassinato de Marielle Franco. Alexandre Motta de Souza foi detido na operação.




No dia 8 de junho, o suspeito foi solto.

No dia 30 de agosto de 2019, Ricardo Saad foi exonerado por Jair Bolsonaro do cargo de superintendente da Polícia Federal do Rio de Janeiro, alegando “baixa produtividade”. Nos dias seguintes, houve vasta documentação comprovando que Saad era um dos mais produtivos delegados da Polícia Federal. O que incomodou Bolsonaro certamente foi a atuação competente do delegado contra o contrabando de armas.

Peça 2 – a Polícia Federal de Sérgio Moro

De lá para cá, o contrabando continuou a entrar corriqueiramente pelas diversas portas de entrada do Rio de Janeiro. Não se ouviu mais falar de apreensões de armas. Não se sabe como se comportam os fiscais da PF. Não se sabe se foram intimidados pela ofensiva de Bolsonaro contra um de seus mais brilhantes delegados, ou se há infiltrações na própria PF.

De qualquer modo, o crime está se armando em todo o país, com armas pesadas que entram pela porta do Rio de Janeiro. E a PF de Sérgio Moro nada faz, nada vê.

Peça 3 – o esforço do Ministério Público Estadual

Nesse quadro, a guerra contra o crime fica dependendo de parcelas do Ministério Público Estadual e da Polícia Civil. Parte da polícia aliou-se ao crime, conforme revelaram investigações restantes. Parte do MPE aderiu ao bolsonarismo, como ficou evidente no episódio vergonhoso da promotora bolsonarista que simulou uma perícia a jato para desqualificar o depoimento do porteiro, que garantia que o motorista Elcio Queiroz, que conduziu Ronnie Lessa ao local do crime, chegou no condomínio Vivendas da Barra e pediu autorização para a casa 58, de Bolsonaro.

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De qualquer modo, a parte saudável de ambas as corporações não interrompeu as investigações sobre as rachadinhas e sobre Fabrício Queiroz. Continua aberta a uma proposta de delação premiada, mas que, em todo caso, dependerá da iniciativa dele e de seu advogado.

A rachadinha já é uma ilegalidade confessada e admitida por Queiroz. Agora, as investigações buscam aprofundar o crime de lavagem de dinheiro e crimes conexos. E chegar ao resultado final: quem mandou matar Marielle.

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