O carnaval e uma câmera no quintal de casa em Paquetá

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E as digitais “pensantes” da coluna “A César o que é de Cícero”, do doutor em Literatura Cícero César Sotero Batista viajam mais uma vez.  Nesta resenha, César faz uma brilhante crônica sobre um mediano vídeo de carnaval. A modéstia neste caso cabe muito, pois ele aborda o vídeo que este editor, Washington Araújo, fez da passagem do bloco Pérola da Guanabara quase dentro do quintal de minha casa. Só não foi no quintal porque tem um muro dividindo a casa da Praça de São Roque, onde o bloco deitou e rolou.

Veja o belo texto e assista ao modesto vídeo.




“De uns tempos pra cá, Washington Araújo tem levado a máxima do Glauber Rocha, que certa vez disse que se deve ter uma câmera na mão e uma idéia na cabeça. No caso do Washington, câmera digital, decerto, que o ajuda neste afã tão jornalístico de registrar os tintins dos fatos.


Eu não sou jornalista, apesar de também ser filho da máquina. E não sou nenhum Vertov. Minhas idéias em geral se passam pelos dedos na digitação dos textos.


O fato é que desfrutei da cena do bloco Pérola da Guanabara como se fosse um documentário. Em uma única tomada, passa-se pelo quintal da casa do Washington e da Carmola, dá-se um close na Carmola, e vai-se até a praia onde os garis estão a recolher o lixo do dia.


Neste primeiro trecho, tem-se espaço para a reflexãol. É aquela coisa, não se deve esquecer dos trabalhadores que estão na rua em regime de escala para que os foliões possam brincar o carnaval.
Na raiz da palavra, folia quer dizer loucura.


Sigamos o homem e sua câmera. Depois dos garis, vai-se em contexto de excitação carnavalesca para as bandas do coreto de São Roque, que está apinhado de foliões – na maioria, jovens.

O som da banda está comendo solto. Entre os foliões, há um de pernas de pau. De uns tempos para cá, tem aparecido muita gente de pernasdepau, sabe-se lá, talvez como uma versão circense dos bons bonecos de Olinda. São as modas que se incorporam a outras tradições carnavalescas.
(Cá entre nós, pra quê pernas de pau se se pode ficar bem alto com um sacolé de graviola com vodka?)


E há este casal que passa bem em frente à câmera e que acaba sendo a alma do bloco e da festa. Não à toa, o nome dos dois aparece na legenda. Ela sorri com aquele jeito de trazer bons augúrios. Ele dá um OK com o polegar. E os dois seguem, se não pela vida afora, pelo menos para até o fim daquela tarde em Paquetá.


O filme não tem fim, meus amigos, mas tem happy-ending.
E em vez de leão, por que não colocarmos o Acaí na chamada?”

Foto: do quintal de casa (Washington Araújo).

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