O genocídio indígena é o genocídio de todos nós – Por Normando Rodrigues

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Por Normando Rodrigues *, compartilhado de Revista Fórum

Crianças Yanomami são literalmente pele e ossos, como os esqueletos-vivos encontrados na libertação dos campos de extermínio nazistas. Mas não são fotos de 1945. São de hoje, na comunidade do Alto Catrimani, em Roraima




Quem “queima” livros na Fundação Palmares é também capaz de “queimar” a natureza, e a todos nós, com a mesma facilidade.

Fogo!

Na iconografia ocidental, “fogo” e “luz” nem sempre estão do mesmo lado. Não raro, são inimigos.

A “luz” está associada à “razão” e à sabedoria desde a deusa Atena, a que enxerga o que os outros não veem; enquanto o “fogo” purifica a sociedade com a eliminação dos “inimigos”, sejam livros ou pessoas.

Em maio e junho de 1933 o fascismo alemão “purificou” em piras rituais centenas de milhares de livros. Agora é a vez dos fascistas da Fundação Palmares.

Naturicídio

Dentre os condenados está o “Dicionário do Folclore Brasileiro” de Câmara Cascudo, autor culpado por ter ensinado Dilma a valorizar a cultura da mandioca, de nossos indígenas. Os golpistas preferiram rir e os fascistas trataram a mandioca como tema proibido. Para estes últimos, o que importa é “tora”, não mandioca.

Sob Bolsonaro, o item de exportação do “agronegócio” que mais cresceu, em volume e em lucro, em 2020, foi a MADEIRA. Os “patriotas” assassinam a natureza com fogo, tratores e correntes, e com os venenos do agronegócio. E os “Salles” lucram.

Lucro auferido com orgulho empresarial. No dia 12 de junho, 12 mil motos presentearam a cidade São Paulo com uma enorme distribuição de vírus. Sobre uma das máquinas, um casal de empresários disse estar ali porque eram “patriotas”.

“Patriotas”

O apartheid entre os “patriotas” – que entregam a Petrobrás, a Eletrobrás, e a ECT – e os “outros”, é pressuposto do ódio fascista que sempre atuou contra “esquerdistas”, e que hoje mata negros, índios e pobres, como antes matava judeus.

A fogueira medieval que assava judeus e hereges já esteve representada nos fornos de Auschwitz e agora não só queima a floresta como tem versões motorizadas, no varejo:

– a polícia arrasta o “inimigo” para dentro de um veículo e lá o executa à queima roupa. É mais fácil para depois remover o corpo.

Extermínio

Nossos fascistas declararam em reunião ministerial odiar os povos indígenas, que morrem junto com a floresta. A pandemia de Covid matou lideranças históricas, como Carlos Terena e Aritana Yawalapiti. Mas a tragédia é maior.

O cerco da soja e o assalto do garimpo, nas terras Yanomami, assassinam indígenas há meses, sob o olhar complacente de Bolsonaro. E a desnutrição infantil naquela nação chegou a níveis desesperadores.

Crianças Yanomami são literalmente pele e ossos, como os esqueletos-vivos encontrados na libertação dos campos de extermínio nazistas. Mas não são fotos de 1945. São de hoje, na comunidade do Alto Catrimani, em Roraima.

O holocausto é aqui.

*Jorge Normando Rodrigues é assessor jurídico do Sindipetro-NF e da FUP.

**Este artigo não reflete, necessariamente, a opinião da Revista Fórum.

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