Pablo Villaça pelo Facebook

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Hoje, um ex-aluno e leitor veio dizer, no Twitter, que “não consegue confiar no governo federal” e que este “não fez nada em quatro anos que inspirasse confiança”. Pedi que fosse mais específico em suas críticas, já que é impossível esclarecer o que quer que seja quando alguém se entrega a generalizações. A resposta dele? “As jornadas de junho comprovam” e pronto.

Suspiro.




Pra piorar, mesmo não apresentando um único argumento que sustentasse sua posição, ele imediatamente disse que eu defendia “cegamente” o governo. É o tipo de retórica mais canalha que existe: você ataca, ataca, ataca (mesmo sem argumentos); quando o outro defende, ELE é o “radical”, o “cego”.

Sabem qual é o problema desses coxinhas? Eles não podem dizer o que querem de verdade: “O governo pensa mais nos pobres do que em mim!”, então precisam ficar inventando desculpa. “Podia estar melhor”, “O ‘mercado’ não quer Dilma”, blablabla. Não sabem o que foi viver no Brasil na era FHC. Não sabem o que era o desemprego que levava gente com curso superior a fazer prova pra gari. Não sabem o que era ter o país vivendo um apagão. Não sabem o que é ter que escolher entre almoço e jantar – com sorte. O que é um moleque de 9 anos ter que trabalhar pra ajudar em casa. Nao sabem o que era estudar numa universidade federal sucateada e sob ameaça constante de privatização. Não sabem o que era viver de um salário mínimo que não dava pra comprar UMA cesta básica (hoje compra mais de duas). Então ficam no “blablajornadasdejunhoblablamensalãofoiopiorcasodecorrupçãodahistóriablabla”.

Sejam honestos, porra! Digam: “PENSO SÓ EM MIM”.

Não falem de corrupção pra atacar um governo que fez o que FHC e o PSDB não fizeram e não fazem: permitiu investigação. É MUITO FÁCIL bancar o honesto quando se mantém a imprensa amordaçada. Foi só sair de MG que os podres de Aécio começaram a surgir. Aliás, surgir FORA de Minas, porque aqui os principais jornais continuam calados.

Estou cansado de ter que rebater retórica vazia. Como seria bom ter uma oposição que pensasse, que permitisse debate de igual pra igual. Em vez disso, tenho que passar raiva ouvindo gente falar de “mensalão” e perguntando “quando PT vai devolver dinheiro público”. QUE DINHEIRO PÚBLICO? MESMO aceitando que mensalão foi compra de votos (e não foi; foi caixa 2), não houve dinheiro público envolvido. Dinheiro público foram os 100 BILHÕES que a privataria custou ao nosso patrimônio. Mas isso esses idiotas preferem ignorar.

Chega uma hora em que isso começa a cansar.

Ok, eu oferecerei alguns argumentos, mesmo que ele não tenha conseguido:

PIB em bilhões de reais
2002 – 1.477
2013 -4.837
Fonte IPEA

Falências requeridas
2002 -19.891
2013 – 1.758
Fonte IPEA

Inflação
2002 – 12,53%
2013 – 5,91%
Fonte IPEA

Desemprego % mês dezembro
2002 – 10,5
2013 – 4,3
Fonte IPEA

Juros selic
2002-24,9%
2013-11%
Fonte IPEA

Divida pública % do PIB
2002-60,4%
2013-33,8%
Fonte ANDIFES

Salário mínimo em reais
2002- 364,84
2014-724,00
Fonte IPEA

Taxa de pobreza %
2002-34%
2012-15%
Fonte IPEA

IDH
2000-0,669 
2005-0,699
2012-0,730
Fonte Estadao

Reservas cambiais em bilhões
2002-38
2013-375
Fonte IPEA Banco mundial

Gastos públicos saúde
2002-28bi
2013-106bi
Fonte orçamento federal

Gastos públicos educação
2002-17bi
2013-94bi
Fonte orçamento federal

Risco Brasil
2002-1.446
2013-224
Fonte IPEA

Economia mundial
2002-14a economia mundial
2013-6a economia mundial.

E mais: como lembrou um leitor, entre 1994 e 2002, houve apenas 48 operações da Polícia Federal; entre 2003 e 2012, houve 1.273 operações, com mais de 15 MIL presos. Em 2003, a Justiça Federal tinha 100 varas pelo país; em 2010, já tinha 513.

Às vezes, penso que Lula e Dilma não deveriam ter dado independência à PF e à Procuradoria-geral. Parece que o pessoal preferia antes, quando nada era investigado e ninguém era punido.

Mas nem seria necessário citar todos esses dados. Como lembrou outro leitor, só por ter reduzido a miséria no Brasil PELA METADE este governo já foi revolucionário e mereceria todos os aplausos do mundo.

Em vez disso, porém, sou obrigado a escutar retórica vazia, sem base e calcada no preconceito e no mais intenso elitismo.

E – VEJAM QUE BELEZA – AINDA ME PREJUDICO PROFISSIONALMENTE, perdendo leitores.

“Eu gostaria mais do Pablo se ele falasse só de Cinema”.

E eu seria mais feliz se pudesse fazê-lo. Mas sou cidadão em primeiro lugar. E me recuso a ficar calado e contribuir, por inação, para que o país retroceda nas mãos daqueles que por décadas só se preocuparam em encher os próprios bolsos e em ignorar as necessidades de uma população que merece muito mais do que só uma refeição miserável ao dia.

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UPDATE: Para os que estão dizendo que a responsabilidade de tudo de bom no país foi de FHC, dois links:

http://www4.cinemaemcena.com.br/diariodebordo/?p=3782

http://www4.cinemaemcena.com.br/diariodebordo/?p=3849.

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