Quarta-feira de cinzas para os patriotários

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Quarta-feira de cinzas, primeiro dia em dezembro sem esperança para patriotários de que haverá intervenção militar e sem futebol no Qatar.

Por Alfredo Herkenhoff, compartilhado de Construir Resistência




Os patriopascácios acantonados de verde e amarelo devem começar a levantar acampamentos porque Flávio Bolsonaro e Hamilton Mourão disseram, de público, que Lula ganhou e vai tomar posse como presidente e comandante supremo das Forças Armadas.

Horas atrás, Flávio Bolsonaro disse de público, que seu pai jamais cogitou de acionar as Forças Armadas para impedir a inauguração do terceiro governo Lula. Disse que Jair respeita a Constituição e está procurando uma casa para viver em Brasília e fazer dela um QG da oposição ao governo de Lula e Alckmin.

O general Mourão, na semana passada, disse de público, criticando de modo fascista os tribunais superiores, que Lula ganhou e vai governar. Disse aos seus: aceitamos jogar o jogo com quem (Lula) não devia estar podendo jogar e perdemos.

Horas atrás, o governador eleito de São Paulo, Tarcísio, disse de público que nunca foi do bolsonarismo-raiz.

Nada de Jair Messias, Jim Jones, Cassia Kiss, CaCs, disco voador, pneu e maluco tipo Suzano, Aracruz e Foz de Iguaçu, ninguém pode fazer prevalecer a realidade paralela dos sucumbidos pela praga da desordem cognitiva.

Horas atrás foi preso pela PF aquele jagunço do agronegócio que conclamou pistoleiros de clube de tiro a marchar sobre o DF e impedir a posse de um ladrão.

Horas atrás, em sua fala, Flávio Bolsonaro sugeriu que o sistema de justiça faça um gesto político de pacificação suspendendo os processos contra os bolsonaristas que se excederam convocando as Três Armas e pistoleiros a cancelar Lula e anular na marra o resultado da eleição presidencial de 30 de outubro.

Bloqueios de avenidas e estradas tendem a diminuir diante do óbvio, com notícias esparsas dando conta de que foi preso mais um patriotário ali e acolá que se excedeu nos gritos por golpe militar.

Seria fácil fazer um mapa mostrando que a maioria dos bloqueios e baderna urbana ocorreu nas regiões onde o Bolsonaro teve mais votos do que Lula.

Um exemplo: Bolsonaro teve menos de dez milhões de votos nos seis Estados abaixo fazendo mais bloqueios do direito de ir e vir nas estradas, e Lula teve mais de 16 milhões de votos nos três Estados abaixo, Ceará, Bahia e Minas, fazendo poucos bloqueios de estradas. Aos números:

VOTOS DE BOLSONARO:

Mato Grosso: 1.216.730
Mato Grosso do Sul: 880.606
Rio Grande do Sul: 3.733.185
Santa Catarina: 3.047.630
Roraima : 213.518
Rondônia: 633.236

VOTOS EM LULA:

Bahia: 6.097.815
Minas: 6.190.960
Ceará: 3.807.782

Horas atrás, na terça-feira gorda das Oitavas de final, um sobrinho, um universitário, voltou a declarar que Lula não vai tomar posse. Do mesmo modo, um colega – dez anos lado a lado dele no falecido Jornal do Brasil, estava teclando coisa semelhante: Lula é ladrão, Xandão é bandido e Jair é herói. Inacreditável como a praga da cegueira coletiva atingiu tanta gente

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Alfredo  Herkenhoff  é jornalista, escritor, autor do livro Jornal do Brasil – Memórias de um Secretário

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