Sarau Delivery recorda Soledad Barret e Zuzu Angel: mortas pela ditadura, vivas pela luta

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Por Washington Luiz de Araújo, jornalista, Bem Blogado

Para Rose Nogueira e todas e todos que sofreram nas mãos dos carrascos da ditadura militar




Sarau Delivery pede licença para trazer dois dos fatos aterrorizantes acontecidos na ditadura militar, os dois contra mulheres. Para aquele que defende a ditadura, sem conhecimento, segue informação suficiente para nunca mais o fazer. Para aquele que defende, sabendo das atrocidades cometidas, o que falar? Conheça a história da paraguaia que vivia no Brasil Soledad Barret, brutalmente assassinada, grávida, entregue à ditadura pelo traidor Cabo Anselmo, seu companheiro e pai da criança.

Para os desinformados ou mal intencionados que possam vir a comentar que este é um caso isolado, seguem vídeo e textos sobre Zuzu Angel, que foi morta pela ditadura por denunciar o assassinato do seu filho, Stuart Angel, cujo corpo jamais foi encontrado. Na ditadura, nenhum caso foi isolado.

Aqui, o poema que Soledad escreveu para a mãe, poema que, pela temática, muito lembra “Mamãe Coragem”, de Torquato Neto e Caetano Veloso de 1968.

Mãe, me entristece te ver assim / O olhar quebrado dos teus olhos azul céu / Em silêncio implorando que eu não parta / Mãe, não sofras se não volto / Me encontrarás em cada moça do povo / Deste povo, daquele, daquele outro / Do mais próximo, do mais longínquo / Talvez cruze os mares, as montanhas / Os cárceres, os céus / M as, Mãe, eu te asseguro, / Que, sim, me encontrarás! No olhar de uma criança feliz / De um jovem que estuda / De um camponês em sua terra / De um operário em sua fábrica / Do traidor na forca / Do guerrilheiro em seu posto / Sempre, sempre me encontrarás! / Mãe, não fiques triste / Tua filha te quer.

Aqui, um texto, do qual ainda não consegui saber o autor ou autora, e trecho do livro de Urariano Mota, jornalista e escritor, “Soledad no Recife”, sobre os últimos dias da ativista política. Ouça também a música “Mamãe Coragem” (Torquato Neto e Caetano Veloso), cantada por Gal Costa, e “Angélica”, sobre Zuzu Angel, de Chico Buarque e Miltinho.

Texto:
“Trata-se do monstruoso assassinato da poetisa e intelectual paraguaia Soledad Barrett Viedma. Ela foi cruelmente torturada e morta pela Ditadura Militar aqui mesmo em Pernambuco. Soledad estava grávida de quatro meses, e mesmo assim não foi poupada. Soledad foi encontrada nua, dentro de um barril numa poça de sangue, tendo aos pés o feto de 4 meses, expelido provavelmente durante as sessões de torturas.

Este foi um dos mais hediondos crimes cometidos nos anos de chumbo da Ditadura Militar, no Brasil. Soledad recebeu quatro tiros na cabeça e apresentava marcas de algemas nos pulsos e equimoses no olho direito.”

Leia aqui a íntegra do texto:

Soledad Barret Viedma: 48 anos sem a poetisa brutalmente assassinada pela ditadura militar

 

“Uma noite com Soledad Barrett”, por Urariano Mota, jornalista e escritor – Portal Vermelho
“(Em 8 de janeiro de 1973, em Pernambuco houve o massacre contra a militância socialista de Soledad Barrett, Pauline Reichstul, Eudaldo Gómez da Silva, Jarbas Pereira Márquez, José Manoel da Silva e Evaldo Luiz Ferreira.
Sobre Soledad Barrett escrevi o livro Soledad no Recife, do qual retiro o trecho a seguir, uma recriação da sua memória).”. Leia aqui a íntegra do texto:

Uma noite com Soledad Barrett

 

“Mamãe, Coragem” (Torquato Neto e Caetano Veloso), canta Gal Costa
Mamãe, mamãe, não chore / Eu quero, eu posso, eu quis, eu fiz / Mamãe, seja feliz / Mamãe, mamãe, não chore / Não chore nunca mais, não adianta / Eu tenho um beijo preso na garganta (…) / E vou vivendo assim: felicidade / Na cidade que eu plantei pra mim / E que não tem mais fim / Não tem mais fim / Não tem mais fim

 

Clipe criado a partir do filme (Sérgio Resende), Zuzu Angel, com Patrícia Pilar, que hoje completa 57 anos, e música “Angélica”, de Chico Buarque

 

 

“Nós sabemos quem é esta mulher”

Zuzu Angel foi uma estilista de moda que perdeu o filho Stuart Angel Jones nas garras da ditadura militar. Com a morte do filho, torturado, Zuzu desencadeou uma campanha internacional contra a tortura. Em seguida foi assassinada pela mesma ditadura, que simulou um acidente de carro para calar a voz desta mãe que só queria que outras mães não passassem pelo que passou.

Uma semana antes do acidente, a estilista entregou a Chico Buarque um texto para ser publicado se atentassem contra sua vida.

Dizia o documento:  “Se eu aparecer morta, por acidente ou outro meio, terá sido obra dos assassinos do meu amado filho”.

Zuzu foi homenageada em livros, música e filme. Aqui, texto na íntegra:

No Dia Internacional da Mulher, uma homenagem do blog a Zuzu Angel

 

 

Por Hildegard Angel, jornalista, filha da estilista Zuzu Angel e irmã do ex-militante político Stuart Angel Jones, compartilhado de Pensar Piauí –

44 anos após, Judiciário reconhece: Estado matou Zuzu Angel

 

 

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