Um livro que você deve ler: A Era do Capital Improdutivo

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Por Ulisses Capozzoli, jornalista, Facebook

Jair Bolsonaro não conhece economia, confessou diversas vezes, como se fosse necessário. Como não conhece coisa alguma de outras questões relevantes. O território dele é o da terra plana, a redução ao simplismo que cativa milhões de lobotomizados naturais. Daí a ascensão à categoria de “mito”. Mito da completa insignificância. Ele acharia difícil ler “A Era do Capital Improdutivo – a Nova Arquitetura do Poder, Sob Dominação Financeira, Sequestro da Democracia e Destruição do Planeta”, de Ladislau Dowbor.




Uma obra para quem estiver interessado em superar o superficialismo inconsequente do noticiário econômico da mídia. Em particular a patifaria generalizada de comentaristas econômicos na TV. O objetivo dessa gente, não por mérito, por limitação mesmo, é ampliar os iguais, a reprodução da idiotia.

Reproduzir frases feitas e raciocínios circulares para convencer incautos de que, apesar de tudo, vivemos no melhor dos mundos e de que imposturas como a reforma de previdência trarão a ordem onde reina o caos. Ainda não terminei o livro, mas li o suficiente para me convencer de que se trata de uma obra imprescindível a interessados em saber as estratégias do jogo que está sendo jogado.

A questão central aqui é que o mundo está sendo gerido por um gigantesco polvo internacional, as grandes corporações (que reúnem sob um mesmo teto produção de alimentos, mineração e produção de roupas, por exemplo) de que se destacam os bancos, o capital improdutivo referido no título.

O polvo não tem controle claro de seus próprios tentáculos e uma mostra dessa inoperância se manifestou em 2008 com a crise que começou com o banco americano Lehman Brothers e em poucas horas espalhou a desordem pelo mundo, como numa montagem de dominós.

De lá para cá, e isso é bom para os ouvidos de quem costuma dizer que “devemos torcer para as coisas darem certo”, a situação só piorou. E muito. Moral da história, não basta a torcida. Fora do mundo mágico que reúne milhões de mentes simplórias é preciso inteligência e raciocínio para analisar e equacionar desafios. Sejam eles quais forem.

E este é o caso da economia, entregue a um dos lobotomizados de nascença, Paulo Guedes, para supostamente colocar a locomotiva de volta aos trilhos. Não vai funcionar, digo, baseado no que já li do trabalho de Dowbor e das manhãs de sono que perdi nos bancos da FEA-USP, antes de me dar conta de que apenas perdia o sono.

Aquele é um mato de onde não saem coelhos, a reprodução do berçário dos Chicago’s Boys de que Guedes é só mais um exemplar. O livro de Dowbor traz pesquisas recentes e, mais que isso, inovadoras, que não existiam antes, para analisar o comportamento do polvo global e sugerir que o retorno de uma crise, a de 2008, que não foi debelada, pode ser a face real do Armagedon, originalmente a “batalha final de Deus contra a humanidade”.

Aqui, evidentemente uma metáfora, para castigar a ganancia contra a vida e da dignidade dos que respiram na Terra. Leio os jornais diariamente, ao menos para saber do que falam, e posso deduzir que mesmo gente inteligente tem uma ponta de otimismo: a crença que ao final de uma tempestade teremos de volta a bonança. Quando o que está acontecendo na verdade é só o início da tempestade.

Daí a sugestão: não se convençam do que estou escrevendo aqui. Leiam o excelente trabalho de Ladislau Dowbor, uma exceção à corrente de mediocridade ao que vem sendo dito e escrito por aqui.

Termino esse e começo a ler “Apropriação Indébita – Como os Ricos Estão Tomando a Nossa Herança Comum” e o título já indica do que se trata, da dupla Gar Alperovitz e Lew Daly, citados mais de uma vez por Dowbor.

Trabalhos como esses, além de ampliar sua inteligência, embotada pela enxurrada de asneiras que correm por aqui, tem mais uma vantagem. Permitirá que você reflita como organizar sua vida e de sua família para o que vem por aí.

Um único dado para sintetizar o desequilíbrio: Cinco famílias lideradas por homens brancos nesta terceira pedra do Sol concentram mais riqueza que a metade dos habitantes do planeta.

É razoável uma situação como essa, tirando partido do conhecimento produzido pelo conjunto da sociedade humana? Se você achar que é, não gaste dinheiro com livros e continue pensando positivamente, sem raciocinar. Se discordar, é uma chance de ampliar seu raciocínio crítico e se dar conta do que realmente acontece.

Da concepção da roda e domínio do fogo à concepção sobre a estrutura da matéria e a percepção de que espaço e tempo são um continuo. Granulado como o sal de cozinha, o que é fascinante.

Leiam e depois me contem. Estou interessado. Puxem a máscara de Guedes & Cia e observem que ele não é apenas um prestidigitador barato, que se apresenta com certo sucesso em feiras livres. Ele, e gente como ele, são um perigo para a humanidade. Para toda a humanidade.

 

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